segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ensina-me a Ser Grato

“Bendize, ó minha alma ao Senhor,
e não te esqueças de nenhum de seus benefícios”.
Salmo 103.2

É possível um Adorador esquecer de agradecer ao Senhor por suas Obras? No versículo 1 deste Salmo Davi ordena que sua alma (“bendize oh minha alma”) e que seu corpo (“tudo o que há em mim”) seja grato (“bendize”) ao Senhor. Observe que quem dá esta ordem não é a Carne nem alma, mas algo superior e consciente dos atos de Deus: o espírito.
Portanto, o adorador Davi sabia que corria o risco de se tornar um ingrato. Sua carne, fraca, nem sempre estaria pronta a manifestar graças ao Senhor. Sua alma não conseguiria estar num único sentimento diário para Agradecer-lhe com alegria e sinceridade. Só seu espírito poderia se responsabilizar por tão nobre tarefa: Agradecer.
Assim somos nós. Há dias que ficamos indispostos para cumprir determinada obrigação ministerial ou manifestar uma atitude de gratidão. Momentos em que o físico está cansado e só deseja relaxar. Da mesma forma a alma, sede dos sentimentos, pode encontrar-se triste ou afligida por algo – afinal, todos temos nossos momentos de tristezas e amargura. Mas em tudo isso, Deus deseja que sejamos Adoradores Gratos mesmo que a figueira não floresça; mesmo que estes dias sejam tempos difíceis; mesmo que o caco de telha seja nossa companhia. Como disse Jó: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
Realmente, precisamos aprender a sermos Gratos.


“Cantarei louvores ao Senhor
enquanto eu viver;
cantarei louvores ao meu Deus
enquanto eu existir”.
Salmo 104.33
GRATO POR SEUS BENEFÍCIOS
“E Caiu aos seus pés,
com o rosto em terra, dando-lhe graças;
e este era samaritano”.
Lucas 17.16
Eram dez leprosos. Todos curados de uma só vez. Um era samaritano e os outros nove judeus. Judeus e Samaritanos não se davam (João 4.9 – Jesus e a mulher samaritana), mas aqueles sim. Eram todos iguais: marginalizados, solitários, sem vida. Não havia diferença. Aguardavam a morte, mas a Vida os encontrou.
Jesus estava indo a Jerusalém quando todos eles elevaram suas vozes: “Mestre, tem misericórdia de nós!” verso 13.
Disposição para pedir
O termo traduzido por “Mestre” é o mesmo usado por Pedro em Lucas 5:5 e significa “comandante supremo”. Sabiam que Jesus possuía controle absoluto sobre todas as enfermidades e sobre a morte e tinham fé que os ajudaria.
Somos excelentes em pedir. “Oh Pai, faça isso!” ou “Senhor, visite teu servo”, ainda “Olha para nós, cremos em ti” e outros “Conceda-nos Senhor, por amor de teu nome”. Não é errado pedir. Jesus incentivou-nos a fazermos isso. Ele é nosso Pai e através de Jesus receberemos o que pedimos em seu nome. Pedir é a parte mais fácil. Mas pedir não manifesta adoração e muito menos gratidão.

Disposição para obedecer
Aqui muitos de nós corremos o risco de entrar na lista dos ingratos. Observemos: Após clamarem, Jesus os atendeu e lhes deu uma ordem. “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos” verso14. A Obediência foi um ato de fé o que lhes proporcionou a cura. Assim como Naamã foi curado ao obedecer a condição imposta por Eliseu (2 Reis 5.1-14), demonstrando fé. Mas nem Naamã e nem os dez leprosos, quando obedeceram, manifestaram adoração ao cumprirem ordens.
Quando obedecemos ao Senhor, demonstramos temor, reverência e fé. Obedecer é melhor que sacrifícios. Obedecer trás uma série de benefícios a nós: Honra os pais e seus dias serão aumentados; se atentardes para as minhas palavras sereis benditos na terra; além de outras. Mas o benefício é nosso e nada é dado ao Senhor.
Nós obedecemos ao Pastor, ao líder e aos superiores. Estamos presentes nas convocações e horários determinados. Somos elogiados e por isso. Mas um adorador não pode parar ai. Não nos basta sermos obedientes e acharmos que Deus está satisfeito com nossa postura. Ele quer mais. Obedecer é nossa obrigação e não um presentinho bonito pra Deus. Se você anda em obediência certamente desfruta da bênção de Deus sobre sua Vida. Mas para sermos adoradores precisamos ir além. “Onde estão os nove?”

Reconhecimento
“E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz” verso15. Quero destacar três atos de reconhecimento deste adorador:
1 – Viu,
2 – Voltou e
3 – Glorificou (em alta voz!).
Ele VIU. Olhou como estava. Sua pele já não sangrava nem doía. Seu rosto estava liso e suavemente sensível. Seus pés estavam secos e sem feridas. Tudo havia mudado. Antes aquele leproso tinha panos enrolados e grudados em seus machucados. Mas no caminho sentiu que o tecido já não se apegava mais em seu corpo. E nós?
Meu amado, olhe para si hoje e compare como esteve no passado. Antes, nossa vida era suja pelo pecado. Nossa alma ferida pelos ataques de satanás. Nosso corpo fedia pelo mau cheiro da iniqüidade. Mas hoje é tudo diferente. Ele restaurou a nossa vida.
Um bom passo para aprendermos e sermos gratos é olhar e VER a transformação ocorrida em nossa mente, corpo e espírito.

Ele VOLTOU. Reconhecer é voltar. Aquele samaritano tinha o direito de continuar e seguir seu caminho até o sacerdote. Ele merecia ser inserido à sociedade novamente. Mas a mudança em sua vida foi tão forte que ele teve de voltar a agradecer.
Podemos traduzir esse ‘voltar’ em ‘priorizar’. Ele priorizou agradar a Jesus que se preocupar com sua conduta. Se importou antes de tudo a dar algo a quem lhe deu o melhor. E algo surpreendente me extasia: Quando ele voltou Jesus ainda estava lá. Jesus esperava um coração grato. E ainda hoje Jesus espera nossa gratidão. Então voltemos pra Ele e o coloquemos como primeiro em nossa vida.
Antes de nos preocuparmos com a seqüência das músicas, com a equalização do som, com a equipe que nos acompanhará. Vamos nos preocupar em voltar e agradecer.

Ele GLORIFICOU. Não foi uma gratidão hipócrita ou involuntária. Aquele homem estava realmente grato ao ponto de expor isso a todos ao seu redor. O texto diz que ele glorificou em alta voz. Muitas pessoas, talvez até os nove, ouviram o Louvor daquele homem.
Quando somos gratos, as palavras que saem de nossa boca expressam isso. Não é possível haver gratidão em nosso coração e murmuração em nossa boca. Esse alta voz do texto bíblico nos ensina a exaltar a Deus de forma que todos ouçam. É muito triste ver um servo de Deus reclamando da vida, dos políticos, da família, da igreja, da liderança, das músicas e etc. Quem é grato expressa isso na maneira de viver e todos em sua volta são testemunhas.

Um coração adorador
Após os três passos de reconhecimento o samaritano chega onde nós desejamos chegar: à adoração.
“E Caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano” verso 16.
A adoração é o alvo de um servo grato ao se Deus. Note que nenhum dos outros nove adoraram a Jesus. Os ingratos não adoram, mas os gratos sim. Após o Louvor (que é a explosão de elogios) o ex-leproso parte para a Adoração (que é o momento íntimo de entrega total) ambos provenientes da gratidão.
Ele caiu aos pés de Jesus. Ele não se sentia merecedor de tamanho beneficio. E será que nós merecemos? Merecemos estar no grupo de Louvor de nossa congregação? Merecemos estar no altar (ou palco) diante de Deus e da igreja oferecendo sacrifícios de louvor a Deus? Poderíamos dizer: “Sim eu mereço, pois estive nos ensaios, reuniões e consagrações”. Ou: “Mereço, pois tenho um ótimo contralto”. Mas meu querido, se estamos onde estamos é graças a Deus e por sua permissão e amor. Não há nada em nós que nos faça merecedor de estar diante de Deus. Mas Ele nos escolheu para sermos um povo grato e manifestar a verdadeira adoração.

Aquele ato de gratidão do samaritano e sua adoração fez com que Jesus lhe desse mais. “...Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta e vai; a tua fé te salvou”. Versos 17, 18 e 19.
Parafraseando, a indagação de Jesus ainda continua: “Eu não morri em favor de todos? Todos não deveriam ser mais gratos e verdadeiros adoradores?” O mais sério disso tudo é que os nove receberam a aprovação do sacerdote enquanto que o estrangeiro recebeu a salvação. Podemos ter uma noção do poder da gratidão. Ela pode nos salvar. Assim como a ingratidão nos levar para longe de Deus.
OFERTANDO GRATIDÃO
Sacrifício de Ações de Graças.
“Em tudo dai Graças, por que
esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco”.
1Tessalonicenses 5.18
Ao desenvolver este estudo confesso que meu coração tem vivido grandes momentos de bênçãos divinas. Não só espiritualmente, mas na área física (material) tenho sido plenamente honrado com a beneficência de Deus. Meu coração se encontra grato e suavemente feliz. Pareço com aquele homem que recebeu uma dádiva preciosa e anseia para encontrar Jesus e lhe render graças.
Isso é bom. Agradecer pelo o que Ele tem feito. Mas como já disse: um adorador deve ir mais além. Explorar novas áreas do interior de Deus. Viver novas experiências com o Autor da Vida.
Quem é grato é grato por algo que lhe foi feito. Trabalho com vendas e não posso agradecer a um cliente por ter danificado uma peça e me exige troca da mesma. Não há como dizer: “Muito, obrigado, isso é um prazer!” a alguém que acabou de nos causar tremendo prejuízo. Mas Paulo, apostolo de Cristo, na contra-mão do normal nos anima: “Em tudo daí graças!”. Estranho. Muito estranho e difícil. Mas é a Palavra de Deus revelada a nós.

Em tudo dai Graças
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”. Romanos 8.28
Perder o emprego, assumir um prejuízo, estar ferido físico ou sentimental mente. Ter alguém próximo levado para eternidade ou outro alguém sofrendo em leito de enfermidade. Aflições, aflições e aflições. Com ser grato? Como levantar as mãos e tocar as nuvens dizendo que O amamos? Como ecoar brados de louvor se nossa alma geme de dor?
Tanto o versículo de Tessalonicenses quanto o de Romanos têm a mesma autoria. Paulo sabia o que estava falando. Era vítima de alguns naufrágios, de rejeição social, perseguição de morte e a própria morte como prêmio por seu bom combate. Se Paulo possuía um coração grato acima das circunstâncias nós também podemos tê-lo.

Vontade de Deus
Erramos quando acreditamos dever agradecer apenas pelos bens recebidos aqui. Um adorador tem uma visão global do agir de Deus. Consegue observar que tudo está em seu controle. Por isso é possível ser grato nas mais sofridas aflições de nossa vida.
Não temos de agradecer ao amigo, patrão, esposa, marido, filho... Nossa gratidão é para Deus. Se direcionarmos nosso obrigado às pessoas nos obrigaremos e esperar um motivo para tal. Mas para Deus, temos todos os motivos. Não importa o que tenha acontecido, Ele promete que é tudo para o nosso bem. Cabe a nós ter fé, confiar e ordenar ao nosso ser que seja grato.
As vezes buscamos saber qual é a vontade de Deus para o nosso ministério e aqui é revelada a vontade d’Ele: Que sejamos gratos. Se estamos debaixo dessa vontade poderemos então prosseguir e descobrir tudo que Ele tem para nós.
“Porque para mim
tenho por certo
que as aflições deste
tempo presente
não são para comparar
com a Glória que em nós
há de ser revelada”.
Apóstolo Paulo (Romanos 8.18)

Texto de: Hudson Almeida - Líder do Ministerio de Louvor ADEQ