Por causa da ética não criticamos. Por causa da tolerância, tomamos qualquer espertalhão como um dos nossos. Por causa da unidade aceitamos que vendilhões explorem a boa fé daqueles que, necessitados, vêem neles a esperança para os seus males e mazelas. Por causa da nossa ética, fazemos vista grossa àquilo que deturpa, corrompe e conspurca o santo Evangelho da graça de Jesus Cristo.
Eu me pergunto muitas vezes qual o rumo que a igreja está tomando? Para onde caminha a igreja? Qual será o resultado de tudo isto que nos cerca? Um tempo atrás entrevistei o Caio Fábio e ele disse uma coisa que me chamou a atenção. Afirmou que a igreja hoje – especialmente as neopentecostais – têm adotado práticas e ritos sincréticos que nada tem a ver com a liturgia das nossas igrejas tradicionais ou pentecostais. É um tal de sal grosso, banho de descarrego, corrente disto, corrente daquilo, mesa com toalhas brancas, velas, e tanta coisa que tomaria tempo e espaço demasiado para narrar aqui.
Ressalte-se que para o pobre necessitado nada é de graça. Há um preço a ser pago. Se ele quer prosperidade, assalta-se o bolso dele descaradamente. Se quiser saúde, tome o dinheiro dele. Se desejar um carro, uma casa? Veja o quanto a vítima tem na carteira? Não tem nada? Não tem problema! Dê um cheque pré-datado, que vai ser trocado na esquina com o agiota de plantão. E as campanhas dos “trezentos” de Gideão? O pobre deve estar se revirando na tumba de desgosto.
Haja trezentos valentes! É pregado nestes balcões de negócios que o indivíduo tem de dar para poder receber. Prega-se um evangelho deturpado, barato, vagabundo, insosso, nauseabundo, desprezível, e tudo o mais que se possa adjetivar este arremedo que eles teimam em corromper.
Onde está na Bíblia que é preciso dar algo para ter aquilo que se precisa? Os valentes de Gideão foram para uma batalha onde Deus estava no negócio, e a menos que minha Bíblia esteja errada, eu não encontro ali qualquer menção a dinheiro.
Mantém-se o cidadão encabrestado na ignorância de que ele precisa ofertar, ofertar, ofertar, cada vez mais, para que seja abençoado.
Mentirosos desprezíveis.
Um destes muitos bispos que povoam o mercado, certa feita afirmou que se um coitado – quem acredita nele, pede alguma bênção, paga por ela, pois é influenciado a dar, e não recebe o que espera, a culpa vai cair sempre em cima de quem suplica, e dizia ainda com cara de ratazana, que não recebeu por falta de fé. Prosseguia dizendo que o negócio dele é sempre sem risco algum de ter reclamação. Joga tudo na falta de fé e pronto. Se morrer não pode reclamar, se não recebe o que espera idem, e assim estes malandros prosseguem enriquecendo mais e mais.
A igreja hoje é doente por causa desta podridão a que é submetida, e não pensem que é somente no Brasil. É uma tendência mundial que varre as igrejas do planeta. Antigamente um homem entrava no ministério para ganhar almas, hoje – com raras exceções – entra para ganhar dinheiro.
Outro dia eu lia na internet, que o tal ”apóstolo” foi numa reunião de um clube de pastores, e disse na maior cara de pau, que seus “problemas” foram resolvidos. Logicamente, que ninguém espera que estes, digamos quadrilheiros, travestidos de crentes, sejam presos, mas me pergunto muitas vezes o que se passa na cabeça de um sujeito destes. Será que não tem o temor de Deus, será que não teme a mão do Senhor? Tem um outro arrogante que se diz escritor de livros – mas que na realidade são outros que escrevem para ele – que suas perorações, que ele transforma em livretos, sempre são inconclusas, pois quem quiser saber o que vai acontecer tem de comprar a série de três livros que ele vende ao final de cada uma das suas falas, seja em igrejas, seja na televisão. E o velhaco diz isto rindo, como que dizendo – enganei mais um trouxa. E olha que ele anda lépido e fagueiro a bordo de um carrão importado blindado que custa mais de R$ 200 mil. Perdoem-me a dureza, mas estes têm de ser denunciados.
Este mesmo, circunstancialmente, elege alguém para bater. O próprio Caio Fábio já foi vítima dele, quando o dito cujo recebia dinheiro para “bater” nele. Outras vítimas são conhecidas. Para uma delas nos Estados Unidos, ele pediu dinheiro para financiar um programa de televisão.
Quando ouviu a recusa falou mal até cansar, depois de receber uma régia oferta, que evidentemente ele nem falou em devolver.
Logo, logo tem mais uma eleição e certamente ele vai ganhar mais uns trocados defendendo algum “irmão” de fé. Para a platéia vai dizer que é por pura convicção. E há quem acredite nele.
E as oligarquias nas famosas convenções gerais? Passa de pai para filho ad eternum, os coronéis perpetuam-se no poder e na manipulação sem dar satisfação alguma, e suas vontades são leis que devem ser cumpridas de imediato, pois eles não admitem ser contrariados. Estão no poder há anos. Ouse perguntar quem será o substituto de qualquer deles? As decisões são verticais, manda quem pode e acabou.
E a apostolada? Nunca vi tanto apóstolo. E os carros? E as roupas? E os relógios? Tempos atrás eu vi um bispo pregando e ele se dizia muito humilde, muito simples, mas no púlpito disse que seu terno havia custado US$ 5 mil, na Laffaiette Galerie em Paris. Seu relógio havia custado à bagatela de US$ 12 mil, na Picadilly Circus, em Londres. No dia seguinte ele falou da camisa. O preço? US$ 1,2 mil, na Rodeo Drive, em Los Angeles, e o cara-de-pau dizia que aquelas eram parte das coisas que ele havia comprado. Fiquei imaginando o quanto custava o guarda-roupa dele. Vivia como outros tantos como um sibarita.
Quem bancava aquela luxúria toda? O povo que acreditava nele claro, tempos depois ouvi que ele havia se enveredado pelas barras da saia de uma jovenzinha, e o povo da sua igreja havia debandado. Ao ter esvaziado o negócio que ele chamava de igreja, o padrão de vida dele caiu bastante. Teve de vender o carro blindado, dispensar o séqüito de seguranças e motoristas, e se a coisa apertar ele pode vender os ternos, os relógios, as camisas… Como não era a primeira vez que o senhor epíscopo derrapava nas curvas de alguma donzela, a igreja foi contribuir em outra freguesia, deixando-o a ver navios.
De onde vem o dinheiro desta gastança toda? Do bolso de pobres coitados, explorados em intermináveis cultos diários nas filiais da sua igreja.
Voltando aos apóstolos, tem até apóstola no mercado. E o sonho dourado da apóstola é que cada estado brasileiro tenha o seu apóstolo, e cada um destes apóstolos deve ter outros doze com ele, e cada um destes doze deve ter outros e assim vai, e certamente gente que não conhece Bíblia, que não tem estofo moral e espiritual para o cargo que eles querem ocupar. Não demora e vai começar a estourar no Brasil escândalos e mais escândalos envolvendo estes “apóstolos”. É esperar para ver.
Irmãos, as bênçãos de Deus são gratuitas e dadas de bom grado, basta você ter fé. Se te pedirem dinheiro não dê.
Se te oferecerem uma corrente, não aceite, se te constrangerem a aceitar a palavra deles como verdade, refute, Deus não cobra nada de ninguém. Seu dever como crente em Cristo, é dar o seu dízimo e as suas ofertas alçadas, o que passar disto é errado diante de Deus, é pilantragem.
Gideão e os seus trezentos saíram para guerrear e vencer uma batalha. Hoje os tais “trezentos” envolvem invariavelmente dinheiro e usam o pobre do Gideão como desculpa esfarrapada. Manipulam o povo para que estes acreditem que para serem valentes tem de forçosamente mexer nas carteiras. Mentira.
E os leilões de “bênçãos” que eles fazem. Quem vai dar 10 mil? – Aqui não tem nenhum valente para dar 10 mil? E os de 5 mil? E por aí vão, extorquindo o povo.
Quem não tem dinheiro para dar, sente-se um lixo, e conseqüentemente desprezado por Deus. Nada disto. Repito que bênçãos não são vendidas, bênçãos são dadas por Deus. Pura e tão somente.
Hoje uma igreja não se mede pelas almas que ganha, e sim pelo que arrecada. É o fim da picada. Logicamente há as exceções a esta regra, mas elas estão cada vez mais difíceis de ser achadas.
Estes piratas seguem o exemplo e o legado de Geazi. Ao ver o verdadeiro homem de Deus recusar os presentes e o dinheiro de Naamã, um inconformado Geazi foi atrás da caravana do sírio para pegar para si aquilo que alimentaria seu espírito mercenário. Queria ficar rico, e a pequena fortuna rejeitada pelo profeta – o verdadeiro homem de Deus recusa os encantos do dinheiro fácil – Geazi deu início àquilo que ainda nos nossos dias encontra ressonância – o assalto aos bolsos alheios e deixou centenas, milhares de seguidores.
Fico imaginando o dia em que esta matilha tiver de prestar contas a Deus, todo poderoso, a respeito de tudo o que arrancaram do povo, o que eles vão dizer? Vão dizer que preferiram o exemplo e a prática de Geazi, em detrimento da atitude de Eliseu. É mais fácil, é mais cômodo e como enriquecem…
Em tempo 171 é o artigo no Código Penal que define a pratica de estelionato.
Fonte: http://jehozadakpereira.wordpress.com/